quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Assim como Neruda também me canso de ser homem. Estou cansado. Atravesso impenetrável as cores e o desespero que anunciam o dia. Querendo ser sem buscar estar. Pacato e insatisfeito feito um cadaver. Entre as bancas de jornais que anunciam "Quem acontece"... Quem acontece? Acontece que não aconteço. Estou sempre em vias de... prestes à...Quase que...
A espera de um convite que irei recusar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Triste essa gente que faz coisa que não deve em troca de coisa que não precisa. Gente que se priva da vida após a morte por falta de essencia e que cultiva a morte em vida pra embelezar o invólucro. E tudo que oferece é o osso que corroe, a carne que apodrece, a tinta que escorre...

P(h)oder

Quando minha cachorra começa a me emputecer e eu perco a paciência, eu a ameaço e ela abaixa a cabeça e coloca o rabo entre as pernas. E eu me sinto poderoso como a Igreja Católica.

Outras vezes, só pra provocá-la enquanto eu estou comendo alguma coisa, por prazer mas mais por maldade, eu finjo que vou dar um pedaço pra ela e quando ela está prestes a abocanhar... a comida já está na minha boca. E eu me sinto poderoso como o Estado.

E ainda tem vezes que eu pego a bolinha que ela tanto gosta e fico lançando de mão em mão, de pessoa a pessoa, sem com que ela consiga sequer chegar perto dela. Eu me sinto poderoso como a Alta Sociedade.

Mas quando eu passeio com ela algumas vezes e ela diminue os passos e as patinhas traseiras se dobram e ela defeca sem licença nem cerimônia e eu, humildemente me ajoelho e recolho os excrementos da pobre coitada... Nessas vezes, meu amigo, nessas vezes eu me sinto ordinário como um ser humano.