quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Leveza

Sentindo-me leve como se tivesse feito yoga com acupuntura durante um reiki numa benção de candomblé a beira do Nirvana meditativo depois de sexo tântrico com Afrodite regado a passe espirita num mundo feito de morfina, onde 4 gotas de florais de Bach me levariam diretamente para 5° dimensão na virada da Nova era de Aquário numa overdose de endorfina injetada diretamente no miocárdio ao som de Dark Side of the moon do Pink Floyd numa versão mantra budista.

domingo, 13 de outubro de 2013

Enquanto penduro cuecas no varal penso na frota imensa de arqueiros que Genghis Khan liderou e que conquistou um território de quase 2,5 vezes área do Brasil. 
E eu não estava lá. 
Alexandre, o Grande conquistando a Pérsia e o cú da India contra a minha atual, humilde e covarde existência, pendurando roupas intimas no cordão de nylon (nome dado graças a cooperação de uma empresa de NY e uma de Londres na produção do mesmo). 
E eu não estava lá. 
Na minha desajeitada emancipação sobre a Terra não participei nem do exercito macedônico nem da confecção do nylon. 
Minha existência, que é uma mistura de muita opinião e pouca atitude, conduziu-me a este domingo em que penduro cuecas no varal de nylon, preparando-me para a batalha do batente e às afiadas laminas dos ponteiros à me abrir rugas na cara.
No meu coração há a estátua do herói que não fui por preguiça, onde as pombas cagam. E eu arrasto minha vida para debaixo dos tapetes dos Domingos.
Convivo submisso ao meu semelhante, que só se assemelha a mim no barulho dos passos em direção ao silencio. Convivo entre os que fazem psicanálise para poder descobrir e Yoga para poder esquecer. Que se orgulham da maturidade que há nos crediários, na conta no Banco, em pagar IPTU, INSS, FGTS, Imposto de Renda, conta de luz, gás, água, telefone, e estranha satisfação de amar muito tudo isso.
Eu que corto caminhos existenciais porque sei que é inútil o caminho. A estrada é longa demais para uma vida curta demais.
Lá fora agora, enquanto as cuecas secam há programas de auditórios. Alguém perde a virgindade. Alguém transa pela última vez. Alguém transa com uma cabra. A luz de um teatro se acende e os olhos de uma senhora se enchem de lágrimas. Uma garçonete tira migalhas da mesa e sonha. Um advogado tem uma súbita crise de consciência e se senta com as mãos sobre o rosto. Uma mulher é violentada. Uma criança alisa um gato apavorado. Alguém devolve uma carteira que caiu. Uma formiga carrega uma folha com 50 vezes seu peso. Um grupo de feministas nuas invadem o parlamento britânico. Um palhaço em pernas de pau faz malabares na Avenida na hora do rush. Um ovni abduz uma vaca. Um budista ateia fogo ao próprio corpo. Um domador de circo tem o braço amputado por um leão. Um homem pega sua esposa com outro homem na cama. Um mergulhador descobre uma civilização esquecida. Alguém leva um tiro na cara. Alguém grafita um muro. Outro faz Le Parkour. Um vê o rosto de Jesus numa torrada. Alguém é pendurado por anzóis fincados na pele das costas e sente prazer. Um cardume de peixes forma um furacão. Alguém é iniciado na Maçonaria. Uma mulher dá a luz a trigemeos. Centenas de formigas picam um índio da tribo Sateré-Mawé num ritual de masculinidade. Um pianista cego toca Play it again,  Sam. Alguém morre na cadeira elétrica. Alguém desperta de um longo coma. Alguém morre de saudade. Alguém mata para ver como é a sensação. Um islamico reza para Meca. Um enfarta. Um gargalha. Alguém pula de décimo andar. Um angolano se casa com uma dinamarquesa. Joelma ensaia uma coreografia embaraçosa. Cai um meteoro no mundo. Um toureiro tem o baço perfurado. Um grupo planeja um Flash Mob num enterro. E a rede Globo ensina uma receita de bolo de Fubá.
A consciência se recolhe e me sincroniza novamente ao varal e as cuecas que não secaram. 
E eu não estava aqui.
Penso sobre Genghis Khan, IPTU, morte, Nylon, Alexandre o Grande, sexo, pianistas cegos, Joelma, psicanálise, estrelas, progresso, Yoga enquanto penduro cuecas no varal.
E o que é pior do que isso, escrevo sobre tudo isso.
Tem mais de mim lá dentro do que aqui fora. 

Sinto que roubei o lugar de alguém nesse mundo. 
Alguém que me exerceria melhor.