segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Ontem recebemos a visita de um bombeiro, ele decorreu sobre o uso dos extintores e a metragem sobre a qual eles devem ser instalados. "Se este galpão estiver separado da do lado por uma parede maciça, sem nenhuma porta, eles são edificações independentes, mas se for o caso de uma janela que seja, integrando os dois através desta parede, os dois edifícios se comunicam". "Os dois edifícios se comunicam"... O homem bruto e singelo que me lembrou eu mesmo, poeticamente sabia da intimidade da forma e do concreto. Fez lembrar um trecho do filme "uma simples formalidade", onde o suspeito de assassinato explica sua paixão por geometria herdada de seu professor que introduziu a paixão pela materia da seguinte forma: "Se duas retas perfeitamentes paralelas acompanham sempre uma a outra o espaço afora podemos imaginar que em algum ponto do infinito elas se cruzam." Ou algo do tipo. Ou a máxima de Einstein quando questionado sobre o que poderia ser a luz, "luz é a sombra de Deus." Apesar de serem coisas diferentes, devaneios jogados fora, esses exemplos indicam que tudo esta permeado de poesia inclusive especificações tecnicas, bulas, matematica, as coisas estão sendo preparadas para um grande silencio, um espanto capaz de calar, para uma poesia suprema, algo como uma verdade pura, sem som algum.
Podem calcular o grau de ebulição, comportamento de temperatura, radiação, pico de combustão da matéria.
Mas não nascerá quem saiba dizer o que é o fogo.

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