Emancipamos suaves, leves sobre a superficie da terra quase que sem som.
Do barro efervecido sacudimos aos poucos, do calor do solo brotou a carne viva como pão.
E aos poucos esculpimos no vento a voz.
Do grito ao suspiro, manifestava a alma que batia no peito, nas paredes do cárcere da carne, buscando liberdade.
E do caldeirão da terra fervente, somos aos poucos, de par em par, promovidos à fumaça, à brisas, à nuvens, à saudades e arrepios.
E a alma rompe a bolha em liberdade
e desprende gradualmente o aroma terrestre.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Panela de pressão
sábado, 30 de novembro de 2013
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Leveza
Sentindo-me leve como se tivesse feito yoga com acupuntura durante um reiki numa benção de candomblé a beira do Nirvana meditativo depois de sexo tântrico com Afrodite regado a passe espirita num mundo feito de morfina, onde 4 gotas de florais de Bach me levariam diretamente para 5° dimensão na virada da Nova era de Aquário numa overdose de endorfina injetada diretamente no miocárdio ao som de Dark Side of the moon do Pink Floyd numa versão mantra budista.
domingo, 13 de outubro de 2013
Enquanto penduro cuecas no varal penso na frota imensa de arqueiros que Genghis Khan liderou e que conquistou um território de quase 2,5 vezes área do Brasil.
E eu não estava lá.
Alexandre, o Grande conquistando a Pérsia e o cú da India contra a minha atual, humilde e covarde existência, pendurando roupas intimas no cordão de nylon (nome dado graças a cooperação de uma empresa de NY e uma de Londres na produção do mesmo).
E eu não estava lá.
Na minha desajeitada emancipação sobre a Terra não participei nem do exercito macedônico nem da confecção do nylon.
Minha existência, que é uma mistura de muita opinião e pouca atitude, conduziu-me a este domingo em que penduro cuecas no varal de nylon, preparando-me para a batalha do batente e às afiadas laminas dos ponteiros à me abrir rugas na cara.
No meu coração há a estátua do herói que não fui por preguiça, onde as pombas cagam. E eu arrasto minha vida para debaixo dos tapetes dos Domingos.
Convivo submisso ao meu semelhante, que só se assemelha a mim no barulho dos passos em direção ao silencio. Convivo entre os que fazem psicanálise para poder descobrir e Yoga para poder esquecer. Que se orgulham da maturidade que há nos crediários, na conta no Banco, em pagar IPTU, INSS, FGTS, Imposto de Renda, conta de luz, gás, água, telefone, e estranha satisfação de amar muito tudo isso.
Eu que corto caminhos existenciais porque sei que é inútil o caminho. A estrada é longa demais para uma vida curta demais.
Lá fora agora, enquanto as cuecas secam há programas de auditórios. Alguém perde a virgindade. Alguém transa pela última vez. Alguém transa com uma cabra. A luz de um teatro se acende e os olhos de uma senhora se enchem de lágrimas. Uma garçonete tira migalhas da mesa e sonha. Um advogado tem uma súbita crise de consciência e se senta com as mãos sobre o rosto. Uma mulher é violentada. Uma criança alisa um gato apavorado. Alguém devolve uma carteira que caiu. Uma formiga carrega uma folha com 50 vezes seu peso. Um grupo de feministas nuas invadem o parlamento britânico. Um palhaço em pernas de pau faz malabares na Avenida na hora do rush. Um ovni abduz uma vaca. Um budista ateia fogo ao próprio corpo. Um domador de circo tem o braço amputado por um leão. Um homem pega sua esposa com outro homem na cama. Um mergulhador descobre uma civilização esquecida. Alguém leva um tiro na cara. Alguém grafita um muro. Outro faz Le Parkour. Um vê o rosto de Jesus numa torrada. Alguém é pendurado por anzóis fincados na pele das costas e sente prazer. Um cardume de peixes forma um furacão. Alguém é iniciado na Maçonaria. Uma mulher dá a luz a trigemeos. Centenas de formigas picam um índio da tribo Sateré-Mawé num ritual de masculinidade. Um pianista cego toca Play it again, Sam. Alguém morre na cadeira elétrica. Alguém desperta de um longo coma. Alguém morre de saudade. Alguém mata para ver como é a sensação. Um islamico reza para Meca. Um enfarta. Um gargalha. Alguém pula de décimo andar. Um angolano se casa com uma dinamarquesa. Joelma ensaia uma coreografia embaraçosa. Cai um meteoro no mundo. Um toureiro tem o baço perfurado. Um grupo planeja um Flash Mob num enterro. E a rede Globo ensina uma receita de bolo de Fubá.
A consciência se recolhe e me sincroniza novamente ao varal e as cuecas que não secaram.
E eu não estava aqui.
Penso sobre Genghis Khan, IPTU, morte, Nylon, Alexandre o Grande, sexo, pianistas cegos, Joelma, psicanálise, estrelas, progresso, Yoga enquanto penduro cuecas no varal.
E o que é pior do que isso, escrevo sobre tudo isso.
Tem mais de mim lá dentro do que aqui fora.
Sinto que roubei o lugar de alguém nesse mundo.
Alguém que me exerceria melhor.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
OI® nuncamais se ouviu falar.
Ninguém toma SOL® quente.
Banguela não precisa de SORRISO®.
SEMPRE LIVRE® tem código de barras.
CLARO® que com a vida cheia de marcas já não me sinto tão VIVO®.
Há mais coisas entre a SHELL® e a Terra do que supõe a tua vã idolatria.....
Por essas e outras é preciso fazer desta LONGA VIDA® INTEGRAL, e não mais tão LTDA.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
2- Tudo é pouco e não tem tamanho, mas preenche lacunas o suficiente para não deixar espaço para que o "nada" possa existir. E por isso não existe o nada em lugar nenhum, por falta de espaço para ele. Por exemplo, uma árvore. Uma árvore não cresce aleatoriamente, ela cresce pedindo licença, deslizando, encaixando os galhos e as folhas no ar, ela cresce onde o ar permite o encaixe, por isso ela é torta igual um raio. A sua forma é predeterminada pela atmosfera. E se as vezes ela se sacode um pouco, não é o vento, é ela se acomodando dentro do contorno estabelecido. O espaço tem o caimento certo dentro do espaço, basta observar com outros olhos por exemplo um lustre de cristal encaixado na atmosfera da massa do ar.
3- As coisas que não existem estão em maioria. E é isso o que nos move.
4- Então que venha o novo por que das coisas que já existem o mundo está cheio.
5- As vezes parece que a gente já anteviu tudo o que vai acontecer. Como se tivesse antevendo uma fração de segundo antes tudo. E isso te da uma segurança como se você tivesse o controle de todas as coisas que acontecem no mundo. Ou pelo menos na parte que você esta dele. Parece que você já seguiu aquele roteiro, como se fosse um take de um filme que você ta fazendo pela décima vez, sendo que você fez outras 9 e não lembra direito como é que foi, mas numa consciência-inconsciente você sabe exatamente, e parece que você tem o controle sobre tudo. Sobre as pessoas, o lugar e as coisas, é algo extra-corpóreo, é extra-material. Por que a realidade é uma ilusão totalmente manipulável. Moldável e compacta como argila. É um poder único sincronizado com tudo a volta, e nada requer que se pense 2 vezes, nem pudor ou medo e a razão orquestra cada minúscula nuance das suas atitudes com maestria. Parece que você é o ator, o diretor, o roteirista e o próprio cenário de tudo a sua volta.
À esse poder que beira ao divino podemos dar o nome de coragem.
terça-feira, 23 de julho de 2013
Memórias
O cumprimento matinal das formigas que me adotaram na infância.
A piedade que me falta ao mundo e a coragem súbita que me toma emprestado o corpo.
Os watts/cm² que pulsam no Big Bang de todos os olhos, e a intenção de toda uma vida quando se colapsa dois universos.
Aquela cor primária e inédita que está se desbotando para dar lugar a outra no meu planeta natal.
A lua quebrada, fina e líquida de Saturno e seu percurso de rio de pedra, ou ainda,
a nossa lua, que uma vez vi derramada sob o milharal a se transformar num mar de leite fosforescente silencioso.
As primeiras histórias, o prolongado e longínquo instante em que tudo é.
O momento em que as ondas agarraram pela primeira vez meu calcanhar e a minuscula vala de areia que meus pés abriram na memória.
Um movimento da saia de um vestido, um lábio que deslizou devagar pelos dentes cerrados até se libertar na velocidade do mel.
Minha intimidade perdida com o sol que ainda hoje vem me buscar pelas grades enferrujadas.
A rápida metamorfose das coisas em combustão, a corrida plasmática do azul ao laranja na chama estática.
A antiga capacidade de derreter as pedras e de as solidificar em retas alvenarias.
A graça satânica instalada no amor a colocar movimento nos homens e nas máquinas.
A furta-cor da carapaça das varejeiras e nas asas das moscas-domésticas,
A toalha de mesa xadrez com migalhas de pão e a fumaça que sobe cheia de rodeios e que o lustre captura.
O som que vem da sala preenchendo a atmosfera com a leveza de mulheres conversando aos Domingos.
A comunhão perdida com as coisas simples e amarelas a se descascar pelas beiradas, pelas quinas discretas como antigas fotografias.
O rejunte grosso e enegrecido, o vidro trincado, a cerâmica lascada, as vidas sobrepostas no processo de tudo isso, e a lenta degradação daquilo que retorna da viagem de ser.
E a profana divindade dessas pequenas coisas todas, que tem de pecado e culpa apenas o necessário.
O desejo como a efemeridade do plástico e o esquecimento como fruta decomposta.
A varredura do horizonte móvel a colorir e desbotar os ângulos e as tangentes.
A criatividade a colocar universos em grãos de areia e microcosmos em galáxias.
O perfeito ajuste do encaixe das circunferências do eclipse solar.
A imensa pequeneza que tudo isso traz aos gestos eternamente insuficientes.
A euforia gasta dando espaço ao silêncio resignado.
E os dois tigres que subitamente se erguem simétricos,
e me espreitam por detrás do canavial de seus olhos,
antecipando um segundo sua própria existência...
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Insertos incertos ou quase que nem isso
Isso é Brasil.
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O descrédito daqui a médio-longo prazo vai transformar os heróis em vilões e os vilões em heróis por fazerem discursos contrários ao que acreditam esperando resultados diferentes do qiue pregaram.
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Os assuntos sobre o clima tiveram uma queda brusca agora que todos são experts em politica.
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Se eu fosse um ditador aí sim a gente teria uma democracia.
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Não é apenas sobre os R$ 0,20, mas não pode perder o foco... Entendi... mas explica de novo?
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Primeira grande mudança: os jogadores aprenderam o hino nacional.
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Feliciano deveria levar 3 tiros. Um pelas mulheres, um pelos negros e um pelos homossexuais.
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Nova proposta de lei de Feliciano pretende mudar o nome de Primavera Brasileira para Outono Inverno Brasileiro.
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Falei pro meu chefe que eu cheguei atrasado porque o universo está em expansão. Não sei se ele caiu mas ele ficou bem reflexivo.
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Antes ser um filho da puta e trabalhar pra CIA do que trabalhar para um filho da puta na C&A.
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Todo mundo acha lindo quando John Lennon fala pra imaginar um mundo sem inferno, paraíso, sem religião e um mundo sem países, sem guerra e unificado e compartilhado, mas quando você fala com a mesma pessoa sobre ateísmo e anarquismo leva mais pedrada que Geni e Maria Madalena juntas.
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Que frio... Nem parece que a gente está em pleno inferno!
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Não dá pra esperar muita coisa, de certa forma até a gente foi feito nas coxas.
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Pra você que costuma dizer sabiamente, que frio é psicológico, eu sugiro uma experiência simples, sutil e gostosa. Por que você não vai pro Alasca? Mas não vai bem agasalhado não. Vai bem resolvido.
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Se alguém com um crucifixo invertido na testa e uma maquiagem preta nos olhos que escorre até o queixo começa a te seguir no Instagram, resta dar graças a Deus que ela não te segue pelo Foursquare.
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Se alguém aqui da região estiver precisando de um broca ou serra diamantada e não tiver, pra poder cortar porcelanato ou vidro, meu mamilo nesse frio consegue.
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Quem concorda com isso compartilha.
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O corpo é um templo. Como não sou religioso, no meu tá rolando uma rave.
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Sempre que eu passava a noite na Paulista tinha um cara fazendo backing vocal e uma performance do Michael Jackson e tinha sempre uma galera grande. Mês passado chegou mais um Michael Jackson e eles começaram a fazer um dueto, mas a galera já estava um pouco menor. Agora, na semana passada tinha 3! E uma galera mais minguada ainda. Tô vendo o dia em que vão ter 10 Michael Jacksons cantando "They Dont Care About Us".
Moral da história: Num país que não vai pra frente, o moonwalk é cada vez mais banalizado.
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Só o desprezo nos une.
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Em terra de cego quem tem um olho é vendado.
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Viver é fácil. Difícil é levantar da cama.
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Saudade é o cadáver da angustia
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Não existe um emoticon de tamanho normal no chat do face? Só esse boneco de Olinda com hidrocefalia?
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Yo no creo en violencia. Pero que la ay, la ay.
Se Deus está em todos os lugares, a imprudência de se inclinar para reverenciá-lo é que por outro lado você também o ofende.
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Não sou melancólico, sou feliz em slow motion.
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Feriado sexta!!! Seria melhor se fosse feriado religioso, só por que eu não sou religioso e iria usufruir do feriado como se fosse. Justo? Não. Conveniente? Com certeza. E por ser feriado sexta é como se hoje, Quarta-feira, fosse Quinta-feira e Quinta fosse Sexta, Sábado é Sábado mesmo por que fosse Domingo seria uma merda. E Domingo é uma merda mas parece que vai demorar mais pra chegar. . O grande porém nesta arte de se iludir é que a próxima Segunda vai cair justamente numa Segunda-Feira. Semana que vem tem outro feriado, numa Quarta-feira, que não dá nem pra fingir que Terça é Sexta, mas dá pra sentir que Quinta é Segunda. Feriado na Quarta é tão desnecessário quanto efeito especial em filme pornográfico, e como cavalo dado não se olha os dentes eu posso transformar Quarta-feira num Domingo e me dar ao luxo de pensar em questões existencialistas, e que merda eu fiz da minha vida em plena semana enquanto faço uma vasectomia com as unhas de tanto coçar o saco. Ou seja, por esta semana em que ganhamos 2 Sábados na próxima teremos 2 Segundas. Deus é pai, mas o Diabo é quem toma conta.
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Mais divulga o funk quem mais reclama do funk.
Mais divulga o Big Brother quem mais diz que não assiste Big Brother.
Mais reclama dos estádios da Copa quem mais irão aos jogos.
Vocês só sabem falar do que não gostam? Querem que te conheçam por eliminação? Pra dar um ar de mistério?
Foda
-se
O pronome "se" será reflexivo quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo.
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98-117: Imperadores Romanos acham bacanal uma ideia boa para matar o tédio.
100 milhões de pessoas no mundo.
1478: Um doutor renascentista achou que seria de bom tom lavar as mãos entre uma necrópsia e um parto e divulga a ideia.
350 milhões de pessoas no mundo.
1928: Alexandre Fleming descobre acidentalmente a penicilina.
2,5 bilhões de pessoas no mundo.
1978: Rolling Stones lança "Miss You".
4,5 bilhões de pessoas no mundo.
1990: Desodorante AXE, biquini fio dental e viagra.
6 bilhões de pessoas no mundo.
18/01/2014, 9hrs horário de Brasilia: Por falta de espaço fui encoxado por 3 km dentro do ônibus por um senhor de bengala de 75 anos.
De novo.
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A esperança é a ultima que morre. A cultura é a primeira.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Saudade
Esse assincronismo entre o tempo e o espaço,
essa inimizade entre o corpo e a alma,
esse vasculhar nas sombras as alegrias sem contorno
como quem procura bitucas de cigarro no cinzeiro da lembrança.
É tentar ensinar equação ao coração e literatura a razão.
É estar exposto por dentro ao avesso de fora.
É se refazer inteiro no membro desfeito.
É chorar garganta abaixo o percurso do sangue por onde naufraga o peito.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Eu, que me sinto mais perfeito quanto menos me percebo.
Eu, que no silencio pressinto uma sombria desventura ao mundo.
Eu, que sou mais triste do que útil.
Eu, que busco morrer mais leve do que nasci.
Eu, que vim do fundo do barro e que hoje me enrosco em fibras óticas.
Eu, que sou capitão de um continente em motim a deriva.
Eu, que tropeço nas fronteiras das cartas geográficas.
Eu, que possuo meus alvarás de existência em dia.
Eu, que patético me concebo o herói hipotético.
Eu, que nasci com nome, número e cú atarraxado na carne.
Eu, que igual a todos suporto uma alma que sofre de amplitude e que não se cabe muita coisa.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
terça-feira, 21 de maio de 2013
Aliso o plástico e sinto sua superfície deslizante, o papel, as funções pré-estabelecidas das coisas úteis e inuteis, sinto e ouço as moedas que balançam nos meus bolsos enquanto ando sob o sol que me circula e acaricia enquanto despeja minha sombra. Vejo e analiso o vai e vem das coisas e dos homens e tudo é demasiadamente compacto e pulsante, tudo são cores e sons, de modo que tudo é demasiadamente real, a buzina dos carros, o som que há fora e dentro de mim, as vitrines e a loucura estática das coisas, o cigarro e a fumaça na mão do motorista que aguarda o semáforo abrir, e em tudo há culpa, beleza e angustia. Erguem as mãos aos céus em louvor a nicotina, o açúcar, o álcool, o alumínio e a soda caustica. O suor escorre das têmporas do homem que caça o pão e o esquecimento de cada dia. E sei, por que dizem, dos milagres do mundo. Uma menina nasceu na Índia com 4 braços e 4 pernas. Um B 52 sub-sônico americano rasga os céus e dirige-se ao Oriente Médio. Aumenta a produção e o consumo de fluoxetina no mundo. ONU sugere dieta de insetos contra a fome. Em Israel descobriram uma piramide submarina. Britânicos começam evacuação da Líbia. Ocorreram 3 explosões solares em menos de 24 horas. Há 549.577 presidiários no país.... E há sobretudo em toda parte um eterno sussurrar de ventos e grandes nuvens, que talvez sejam os nossos mortos. E como tudo é milagre: uma senhora de óculos de graus de grandes lentes, lenço na cabeça, e rugas que lembram imagens do Grand Canyon capturadas a 500 metros de altitude pelo google earth, cujo rosto talvez seja o trecho desconhecido de um mundo repleto de raças, de guerras, e de credos, de injustiças e tardias redenções, embrulha peixes com o jornal de anteontem, onde uma das matérias fala sobre um homem de 35 anos que abriu-se para a morte pelos pulsos cortados. Uma outra, sem camisa exibe os seios murchos pelo paletó velho e sujo entreaberto, enquanto vocifera contra quem passa no terminal metropolitano "filho da puta", grita, enquanto pombas indecisas sobre o próximo passo, num momento de súbita espontaneidade levantam voo de curta distancia e pousam, e retomam a decidir com dificuldade o próximo passo. Um homem executa suas perversões sexuais planejadas durante a semana no trabalho, num comodo escuro, mas tem receio de que algum parente já falecido o esteja assistindo. Uma outra chora por amor na escadaria de um edifício, por onde a senhora com os peixes sobe, inabalável, ante o olhar de espanto e condolências de 5 sardinhas mortas, repletas de sentimento. Num poste o bêbado se agarra como quem agarra a própria vida, uma quantidade real e alarmante de sua bile começa a petrificar em sua calça e ao pé do poste, e sua função é servir de consolo para quem passa. O mundo acaba a todo instante e volta a se recompor no segundo seguinte. Uma criança em algum outro canto corre, e nos seus olhos tímidos contém o universo num malabarismo cósmico e seu segredo eletrônico silencioso, e ela sorri para quem compreende. E nesse momento há sempre um receio de que Deus se distraia. As tantas rotações da Terra fizeram o sol desbotar um pouco o mundo, mas minha alma encharca e permeia tudo como se fosse invisível...
Nossos passos continuam a girar o planeta em espiral infinito adentro, e a realidade não tem grandes lapsos nem permissões para que isso seja maior ou menor do que é.
Os primeiros átomos, as moléculas de hidrogênio e éter, nuvens de gás e pó, as primeiras estrelas, o Big Bang que explode ainda, e que um dia irá se apagar, o tempo, o espaço, as culturas, a história, uma folha ou uma bomba que cai, cada qual com o seu propósito, e a mecânica elementar da vida (e tudo é a vida), é compacta e absurda como os olhos de 5 sardinhas mortas embrulhadas no jornal de anteontem.
Vemos, sentimos, percebemos, sabemos e somos, de modo que tudo é real.
Mas quando a noite nos lembra que a vida dorme e a morte acorda, no desgaste dos corpos há um desbotar de cores, um abafar de vozes, e o drama de toda uma vida se recolhe como uma quieta implosão, como uma música que vai chegando ao fim, anunciando o perdão da matéria e o fim inevitável de tudo, e nos resta apenas esse rufar de tambores ao longe que vai desaparecendo aos poucos, que é o meu coração ligado a todos os corações, como uma rede neural de 7 bilhões de conexões pulsantes no córtex cerebral de um Deus que lentamente fecha seus olhos...
Holograma
quinta-feira, 21 de março de 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
...e foi por isso que eu o matei, meritíssimo. *
Ela: -Sim!
Eu: -A gente só tá esperando encontrar a pessoa certa.
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Ela: - Meo, é impressionante!!! Você só ouve aquilo que você quer ouvir!!!
Eu: - Pelo nosso bem, gata, eu vou fingir que nem escutei isso.
*O titulo dos diálogos foi tirado de uma apresentação de uma comediante americana cujo nome eu não me lembro por que nunca soube. Os diálogos realmente aconteceram.
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Outros:
- Quantos anos você tem?
- Não sei, mas já se passaram 32.
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Em frente a APAE da São Carlos, um grupo de meninos que estavam dentro se aproxima do portão:
- O que você tá fazendo moço? Não entra aqui não, moço, só tem gente doida aqui, só tem maluco aqui dentro moço, não entra não...
- Você não viu como está aqui fora...