sábado, 16 de fevereiro de 2008

Atitulado


Contemplávamos o silêncio

E dávamos nome aos bois sem dizer palavra:

Satã era o nome dado ao dedo indicador, entre outras coisitas más.

Deus era o nome dado aquilo que era e aquilo que não era dedo.

Eu era alguém que não podia ser porque havia

Eu não podia haver porque via

Eu era não.

Às vias de ser sei lá o quê.

Revezava: existir, assistir, essistir, axistir

Nos fundíamos.

Palavra era papel de bala

Era bala perdida ou a pele que revestia a jabuticaba

Boca era instrumento de sexo e não tinha nome porque não.

Letras foram as palavras que a gente destroçou com os dedos.

E não havia cola na nossa desconstrução, selávamos com cuspe nosso destrato.

Nossos corações eram largos e ainda assim vazavam

Nexo não dava idéia, dava frase.

A gente se construía em camadas.

Nos desembrulhávamos e nos jantávamos.

Nos desjejunjávamos.

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