Contemplávamos o silêncio
E dávamos nome aos bois sem dizer palavra:
Satã era o nome dado ao dedo indicador, entre outras coisitas más.
Deus era o nome dado aquilo que era e aquilo que não era dedo.
Eu era alguém que não podia ser porque havia
Eu não podia haver porque via
Eu era não.
Às vias de ser sei lá o quê.
Revezava: existir, assistir, essistir, axistir
Nos fundíamos.
Palavra era papel de bala
Era bala perdida ou a pele que revestia a jabuticaba
Boca era instrumento de sexo e não tinha nome porque não.
Letras foram as palavras que a gente destroçou com os dedos.
E não havia cola na nossa desconstrução, selávamos com cuspe nosso destrato.
Nossos corações eram largos e ainda assim vazavam
Nexo não dava idéia, dava frase.
A gente se construía em camadas.
Nos desembrulhávamos e nos jantávamos.
Nos desjejunjávamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário