terça-feira, 28 de abril de 2015

O que vai restar

Vai restar no mundo, além das baratas, aquele que consegue encarar no olho.

Além disso vai sobrar um fio de pipa que liga a árvore da frente da minha casa ao teto da minha casa.

Se a teoria das cordas estiver certa e Deus está a par até dos átomos, restará o fio que só eu sei que existe, caso o mundo se acabe.
Caso o mundo se acabe, se é que já não se acabou, eu não fico mais encarando esse horizonte relocado.

Nem essa vitrina com manequins de fibra de poliéster que me emprestou (enquanto o mundo não acaba) o horizonte.

Nem saio eu vasculhando à noite buscando resquícios de alguma razão,
algum sentido,

já que agora eu sei que a morte traz mais beleza ao que tem pouca, e menos horror ao que tem muita.

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