quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Entrei na Marginal Pinheiros e me apareceu alguns carros na frente algo inesperado, começou nesse instante uma perseguição implacável a 70 km/mês, para que eu pudesse alcançá-lo. Precisamos estar sempre atento aos sinais, seguir sempre o que for diferente, ter um certo respeito pelo incomum. Quem ousa entrar com cores na cidade com 50 tons de cinza, sem ser posto de gasolina ou Banco? Jesus de Scorsese viu num espalhafatoso e colorido indiano um anjo, e o seguiu. Os sinais são delicados, então é preciso delicadeza pra falar sua lingua. Estava começando a achar que o perderia de vista, e me lembrei de Galeano "A utopia é como o horizonte. Você dá um passo pra frente, o horizonte dá um passo pra trás. Você dá 2 passos pra frente, ele dá 2 passos pra trás. Então pra que serve? Pra que continuemos a andar." Pra mim o que é mais belo ainda no horizonte, é que o nosso nunca nos pertence. Tem sempre outro montado em cima, da mesma forma que eu estou montado no horizonte de outro. Ao me aproximar da minha meta móvel, percebi o olhar incomodo do motorista ao me ver tirar fotos de seu carregamento multicolor.
Mal sabia ele que roubava meu horizonte.

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